Adegueiro

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Persépolis

"Persépolis" é a história de uma menina que cresce no Irão durante a Revolução islâmica, a história autobiográfica de Marjane Satrapi, que já dera origem a quatro livros de banda desenhada. É através dos olhos da destemida Marjane, de nove anos, que é vista a esperança de um povo ser destruída quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas.
Inteligente e extrovertida, Marjane consegue, mesmo apesar das proibições, descobrir a cultura punk, os Abba ou os Iron Maiden. Mas quando o tio é cruelmente executado e as bombas começam a cair sobre Teerão durante a Guerra com o Iraque, o medo começa a ganhar forma. E a ousadia de Marjane torna-se uma preocupação para os pais que acabam por tomar a difícil decisão de a enviar para uma escola na Áustria. Aí, sozinha, Marjane é confundida com o fundamentalismo religioso, exactamente aquilo de que fugiu do seu país. Mas, com o tempo, acaba por ser aceite. Quando termina o liceu, Marjane decide regressar ao Irão, mas aos 24 anos percebe que não pode continuar a viver no seu país, que trocará pela França, numa decisão cheia de optimismo face ao futuro.
Um filme comovente, trágico e ao mesmo tempo cheio de humor, sobre a ignorância, a intolerância e a forma como há pessoas que continuam a lutar contra as suas consequências e por fazer a diferença. O elenco de vozes é familiar: Marjane tem a voz de Chiara Mastroianni e a mãe de Marjane tem a voz da mãe de Chiara, Catherine Deneuve; já a avó é interpretada por Danielle Darrieux, que, pode dizer-se, faz parte da família cinéfila da diva francesa com quem partilhou uma dezena de filmes.
Satrapi, que além de assinar a BD original co-realiza o filme, nasceu em Teerão em 1969, onde viveu antes de se mudar para Viena e, depois, para França. Em 2000, foi publicado o primeiro álbum da série, editado em Portugal três anos depois pelas Edições Polvo. Outro artista de BD, Vincent Parannaud - também conhecido como Winshluss, um premiado autor francês de banda desenhada alternativa - assina também a adaptação ao cinema da obra.
Distinguido com o Prémio do Júri no Festival de Cannes, o filme foi candidato ao Óscar de melhor longa-metragem de animação e, entre outras distinções, ganhou o Prémio do Público nos festivais de São Paulo e Roterdão e foi considerado o Melhor Filme de Animação pelo círculo de críticos de Nova Iorque e Los Angeles.

Fonte: CineCartaz - Público online

9/10

sábado, fevereiro 16, 2008

The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford


Admito que fui ver este filme de pé atrás. Além de não ser grande fã de westerns, há neste momento alguns filmes que me despertavam maior curiosidade.
Realizado pelo praticamente desconhecido Andrew Dominik (Nova Zelândia), conta com desempenhos extraordinários de Brad Pitt e Casey Affleck e trata-se de uma visão poética dos últimos tempos de vida de Jesse James em completo desalinho psicológico até ser assassinado pelo seu maior fã, Robert Ford.
Será muito provavelmente um filme que não terá o reconhecimento que merece, apesar de estar nomeado para 2 óscares. (melhor actor secundário para Casey Affleck e melhor cinematografia). Trata-se de uma quase obra-prima, com fotografia e banda sonora (Nick Cave e Warren Ellis) fenomenais.
8,5/10

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

A música e os cd's

Enquanto lia o livro “Não Sou o Único”, mais precisamente, a biografia de Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, reparei em variadíssimas passagens interessantes, pois neste livro encontra-se acima de tudo uma história de vida riquíssima, no entanto há lá uma passagem, com a qual estou completamente de acordo. Assim, à página tantas, Zé Pedro diz “Intriga-me o facto das editoras, cá ou lá fora, não estarem nada interessadas em vender discos. Interessa-lhes mais manter esta capa de “crise discográfica”, que já existe desde que eu toco guitarra, há mais de 25 anos…e continuamos sem fazer nada. O problema que se põe, é que a Crise Discográfica fez-nos passar das 20 ou 30 editoras que havia na altura para as quatro que há hoje e que não parecem interessadas em fabricar mais discos… (…) Bastava incutir nas pessoas o desejo por um objecto especial para se voltar a vender discos. As pessoas até podem ter 10 discos da Internet, mas, se houver um de que gostem muito, motivam-se para o comprar: ter a capa, o relevo na capa, o livrinho original, faz toda a diferença.” Mais há frente refere ainda “Nem que cada um compre só mesmo os discos de que gosta, terás um culto especial pelo objecto, um carinho que faz com que o guardes. Uma cópia tem a validade de um ou dois anos, depois deita-se fora porque não nos afeiçoamos a ela, não tem nada de distintivo. Há musica muito boa que desaparecerá, pois não tem um registo físico, fica-se pelo virtual e é uma pena.”
Não podia estar mais de acordo com estas palavras, pois apesar das editoras falarem em crise, nada fazem para a tentar inverter. Apesar de para as editoras os cd’s terem um preço de custo baixíssimo, não prescindem das largas margens de lucro que têm em cada cd vendido.
Deste modo, e julgo que fora raríssimas excepções, quem tem álbuns copiados, gostaria sim de os ter, mas na versão original, tal como Zé Pedro refere com “a capa, o relevo na capa, o livrinho original”, no entanto, com o volume de bandas existentes, associadas ao exagerado preço dos cd’s, é impossível possuir-se toda a música que gostamos no formato original, é simplesmente inviável.
Falando por mim, os poucos álbuns originais que tenho, só os adquiri porque são realmente bandas de eleição para mim, e nutro por eles, exactamente aquilo que Zé Pedro refere, “um culto especial pelo objecto”, impossível de sentir o mesmo, por um cd copiado.
No entanto, e apesar de toda esta conjuntura, o nosso Governo também não ajuda nada, pois ao não considerar a música cultura, pois os cd’s são taxadas a 21% e não a 5% como por exemplo os livros, não potencia em nada a compra do cd original.
Termino apenas dizendo, que na minha opinião um preço razoável para os cd’s seriam 10€, e com este valor, tenho quase a certeza, que se assistiria a um grande aumento na compra de originais.