Adegueiro

sábado, maio 31, 2008

Amy Winehouse - Rock in Rio

Decepcionante, triste e vergonhoso são os melhores adjectivos para caracterizar o concerto de Amy Winehouse no Rock in Rio Lisboa.
Havia muita expectativa em redor deste concerto, por todos os motivos. Por um lado era a primeira vez que Amy Winehouse actuava em Portugal, depois saber se ela iria aparecer, se à última hora não cancelava o seu espectáculo por uma qualquer crise ligada às drogas, e por último para se perceber que tipo de espectáculo estava preparado.
Infelizmente, tudo o que estava ligado à vocalista, esteve tudo péssimo. Os outros músicos estiveram brilhantes, todos altamente profissionais, e foram sem dúvida alguma o que se salvou do concerto. Pois quanto a Amy Winehouse foi terrível, apresentou-se num estado decadente, um autêntico farrapo. A sua voz que tão é elogiada, e bem, neste concerto apenas se ouviram sussurros, uma rouquidão triste e baça. Os seus movimentos eram robotizados, nada lhe saía de forma espontânea e natural. A sua actuação ficou ainda marcada, por mais um momento infeliz, nomeadamente uma queda em palco, inseparavelmente ligada ao seu estado narcótico evidente.
É triste que alguém que é possuidor de uma voz tão portentosa, que poderia assim ter um futuro e uma carreira brilhante, estar completamente mergulhada no mundo da droga.

sexta-feira, maio 30, 2008

Antes e agora

Enquanto lia “Rio das Flores” de Miguel Sousa Tavares, depara-mo com uma caracterização do Portugal pós-monarquia, dos anos que seguiram à implantação da República e é incrível como esta mesma caracterização pode ser transporta para a realidade actual. Obviamente com adaptações a fazer, mas como diria um professor que eu tive, a história está sempre a repetir-se, o que muda apenas são os actores e os palcos. Este é um caso em que estas palavras encaixam na perfeição, senão vejamos:
“Um Portugal profundo e obscuro, fechado sobre si mesmo e desconfiado de tudo o que lhe parecia estranho ou alheio, resistia a cada tentativa de reforma, a cada apelo cívico à “cidadania”, e ignorava por completo as vantagens da “civilização das luzes” sobre as antiquíssimas trevas em que se habituara a viver. Pelo contrário, desde há uns anos que não parava de crescer o número dos que, todos os meses de Maio, seguiam em romaria até à aldeia estremenha de Fátima, onde uma absurda crença popular pretendia que Nossa Senhora tinha aparecido a três jovens miseráveis pastores, flutuando sobre uma azinheira e prometendo “a salvação de Portugal” e “a conversão” da nascente Rússia bolchevique.
Fora alguns restritos círculos político-intelectuais da capital ou do Porto, ignotas tertúlias de cidades do interior e alguma oficialidade dos destacamentos militares aí sediados, nenhuns outros portugueses seguiam com atenção ou sequer entendiam os floreados absurdos dos discursos dos deputados que supostamente os representavam no Parlamento de Lisboa ou a grandiosidade oca dos debates que aí ocorriam.”

segunda-feira, maio 26, 2008

Nunca esquecer para mais tarde recordar

Sempre que se vê um filme e por mais breves que sejam as passagens mas que abordem a questão do Holocausto, é impossível que todos aqueles que tenham um pingo de estabilidade emocional, não sintam angústia e revolta por aquilo que se vê. No entanto, quando se revê um filme como "A Lista de Schindler", esses mesmos sentimentos surgem de um modo mais duro e abrupto.
Parece incrível como seis milhões de pessoas morreram, apenas por serem Judeus, era este o "crime" delas, serem Judeus.
Para além desta monstruosidade, e de tudo aquilo que a envolvia, houve quem arriscasse tudo, para salvar vidas. Obviamente que Schindler foi um enorme exemplo, mas não nos esqueçamos de Aristides de Sousa Mendes, o embaixador de Portugal em Bordéus, que de forma brava e destemida, salvou dezenas de milhares à morte certa.
Estes sim são os verdadeiros Homens, exemplos de verticalidade e de humanidade, e deveriam ser estes as referências para as juventudes, que tão longe andam desta realidade. Infelizmente continuam a impingir-lhes Cristianos Ronaldos e afins, pessoas tão fúteis e desprovidas de qualquer interesse moral, e que mais não servem do que para irem "alimentando o circo".
Quem tem valor e quem é realmente importante vai paulatinamente sendo esquecido e arrumado a um canto, e só de vez em quando lá é lembrado. Por isso, é com tristeza que vejo por exemplo, que a casa que pertenceu a Aristides de Sousa Mendes não seja recuperada e transformada em Museu, para que a sua pessoa e os seus actos jamais sejam esquecidos, pois deveriam ser eternamente lembrados e reconhecidos.

sexta-feira, maio 23, 2008

In the Valley of Elah


O filme "In the Valley of Elah", baseado em factos verídicos, conta a história de um veterano de guerra (Tommy Lee Jones), a sua mulher (Susan Sarandon) e a busca que ambos desencadeam pela procura do seu filho, um soldado, que havia regressado do Iraque à 4 dias, mas que desaparece misteriosamente, e da detective da polícia (Charlize Theron) que participa activamente nesta investigação.
Para além da história da procura pelo soldado desaparecido, este filme pretende mostrar as devastações psíquicas e sociais que advém da presença em cenário de guerra, a formatação que os soldados são sujeitos, e a forma impiedosa como tudo aquilo que viveram, neste caso no Iraque, os marcará de forma absoluta e indelével.
Ao ver-se "In the Valley of Elah" é impossível até ao ser mais insensível ficar indiferente àquilo que nos é apresentado. Depois de longos meses a combaterem e a viverem sob uma tensão e um stresse constante, onde vêem e fazem coisas que jamais imaginariam, estes mesmos soldados passam para uma realidade totalmente oposta. No entanto, é uma realidade na qual eles têm extrema dificuldade em conseguirem voltar a integrar-se, e onde se sentem totalmente deslocados e ausentes, ou seja, é como estar sozinho apesar de ter um mar de gente à sua volta.
À parte de tudo isto, assiste-se a um grande desempenho de Tommy Lee Jones, muito parecido com aquele que ele teve em "No country for old men". Mas destaco acima de tudo, a simbiose perfeita entre esta personagem e o ritmo que foi imprimido ao filme.
Aconselho!

7/10

segunda-feira, maio 12, 2008

Israel + Palestina = Guerra sem fim?!


A questão israelo- palestiniana é daquelas situações, que todo aquele que queira ter uma visão realista e imparcial sobre a situação, terá sempre de culpabilizar os dois estados pela situação que todos conhecemos.
Contudo, será “normal”, nós ocidentais termos uma certa tendência para mais facilmente apontarmos o dedo aos palestinianos, e aos seus cegos atentados bombistas, para justificarmos a situação extrema em que esta questão se encontra, no entanto, deve-se ter uma visão holística sobre todo este processo, e desse modo, de forma inequívoca a culpa terá de obrigatoriamente ser repartida, entre israelitas e palestinianos.
Ao longo de todos estes anos de luta, nunca houve sensatez dos dois lados, e estes tempos mais recentes têm sido pródigos em acções nada prudentes e ponderadas. Leio então, que a unidade que fornece electricidade à Faixa de Gaza, teve de parar por falta de combustível que foi impedido de entrar no território devido ao bloqueio israelita, pois o último fornecimento aconteceu na quarta-feira, altura em que as autoridades israelitas isolaram Gaza e a Cisjordânia para os eventos comemorativos do 60º aniversário da fundação do Estado de Israel. Parece-me evidente, que esta decisão é absurda e fortemente criticável, pois um processo de paz, é construído e desenvolvido não só nas grandes acções e decisões, mas igualmente nos pequenos gestos e atitudes. Mas uma vez mais a intolerância prevalece, e promove assim a mensagem fácil dos radicais palestinianos.
Infelizmente continuam a querer resolver este enorme problema alicerçando as suas acções em intransigência e altivez, mas é por demais evidente que ódio gera ódio, e violência gera violência, e o círculo vicioso mantém-se.