Adegueiro

segunda-feira, abril 28, 2008

Precisa-se Revolução de Mentalidades

Geração à Rasca é sem dúvida alguma a melhor expressão para caracterizar, a geração a que eu, feliz, ou infelizmente pertenço.
Esta aflita geração, é o resultado de uma outra, constituída por rapazes e raparigas, que fizeram uma Revolução, que viveram debaixo de um regime totalitário, que viverem em famílias puramente tradicionais, que viveram numa sociedade em que estudar era só para alguns, que acima de tudo, viveram sem liberdade.
Depois de terem vivido tudo isto, e de se terem conseguido libertar destas estúpidas amarras ideológicas, quiseram, com idealismo e utopia, proporcionar aos seus descendentes, aquilo a que eles não tiverem direito, apesar de obviamente condicionados, por tudo aquilo que lhes foi impregnado pela asfixiante sociedade em que viveram. Assim, tudo fizeram para que os seus filhos percebessem o significado da palavra liberdade, mas sem nunca a confundirem com libertinagem, pois os valores e os princípios eram/são ponto de honra, e igualmente lutaram para providenciar um futuro mais risonho, investindo, entre outras coisas, na educação e formação dos seus filhos.
Contudo, aquilo que o 25 de Abril de 1974 prometeu, ao longo destes 34 anos, foi-se esfumando, a democracia não se tornou naquilo que muitos haviam sonhado, afinal, nem todos têm os mesmos direitos e deveres apregoados.
A geração à rasca é bem o exemplo disto, é aquela geração que tem um curso superior, mas que ou não arranja emprego, ou vai-se sujeitando à precariedade, e às oportunidades temporárias que lhes surjam. Continuam a ser estes, que se iludem quando vêem um anúncio de um estágio profissional numa Câmara Municipal, e julgam terem ali uma oportunidade de ouro para iniciarem carreira na sua área de formação académica, e imbuídos nesta ilusão, esquecem-se que as Autarquias são a face mais negra deste Portugal corrupto e desigual, e apesar de por vezes percorrerem dezenas ou centenas de quilómetros para irem a uma patética e suposta “entrevista de emprego”, vêm posteriormente a saber que o familiar do vereador, ou o filho do amigo do Presidente da Câmara foi miraculosamente o eleito para o cargo em questão.
Tudo isto é verdade e simultaneamente triste, pois o Portugal que foi idealizado, tornou-se no país de alguns, de uma meia dúzia que vai reinando e sugando tudo o que lhes é possível, e esta geração, à rasca, vai lutando e sobrevivendo contra uma sociedade que afinal ainda é cinzenta, triste, e acima de tudo, oportunista.

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